20 maio, 2009

O Aprendiz não ensina o que já sabemos

Estive há pouco tempo no país onde aproveitei para dar uma olhada geral na tv brasileira. E vi o mesmo de sempre: novela, Silvio Santos, Faustão..., a coisa sem muita novidade. Só que entre os mesmos estava o programa O Aprendiz, da Record, onde no início eu até achava interessante, com os acertos e burradas dos participantes e do próprio Justus. Mas hoje ja não tenho a mesma percepção de antes sobre esse programa/gincana com cara de reality-show.

Claro que não estive no país só para ver tv. Encontrei a vários amigos e, entre eles, um que é psiquiatra. E numa conversa de botiquim com ele, perguntei o que hoje levam as pessoas a buscar uma terapia. Confesso que fiiquei bem surpreso com a resposta. Estamos vivendo uma espécie de "epidemia" de negação às "más" emoções, uma aversão à tristeza, à dor, ao fracasso. Bem sabemos que a vida não é feita só de glórias, mas hoje fazemos questão de esquecer disso.

"Todos os anúncios afirmam que é bom amar", como dizia a velha canção dos anos 80. Vivemos um momento que a felicidade deve ser alcançada a qualquer custo, com alguma fórmula pronta. Para isso devemos ser "fortes, espertos e veloz", se não o cidadão cai no "ostracismo" para o resto da vida. Tá faltando a preparação emocional para lidarnos com os percauços da vida. E justamente neste papo todo que me lembrei do programa O Aprendiz que vi no dia anterior, a visão turva do sucesso profissional, onde o "fracasso" é punido com a "demissão" do Justus. Na verdade, ali ganha quem tem a melhor lábia na hora da sala de reunião. Daí me pergunto: é esse o sucesso? Tento me responder: é esse o fracasso?

Este programa de tv é um jogo perigoso com seus participantes e, talvez, até com os telespectadores. É mais um programa, dentre tantos na tv aberta, cujo objetivo é alienar, mais um criador de imagem de uma vida cheia de felicidade e sucesso (até por isso me recuso a ver "Em busca da felicidade" com Will Smith, que me parece ter uma fórmula pronta). Bom, mas se para falar e aceitar a dor será sempre difícil, naquela conversa com o amigo psiquiatra só me restou pedir mais uma cerveja para brindar. "À felicidade!".

22 abril, 2009

Chuvas

Hoje eu tive a verdadeira noção de como o país cresceu nos últimos 20-30 anos sem nenhum plano de organização urbano. Não, não estou falando da violência, mas da própria estrutura (ou a falta dela) no cenário urbano brasileiro. Basta ver no Uol o quanto as chuvas estão castigando as áreas urbanas no Norte e Nordeste do país, deixando milhares de desabrigados em São Luis, Manaus, Fortaleza e Altamira, no Pará. Não se trata de somente do acaso da natureza, das chuvas torrenciais que se arrastam por horas, mas que por outro lado são até "comuns" naquelas regiões. Vejo que nas áreas mais atingidas e sofridas estão à altura da sua pobreza, refletindo a falta de saneamento, asfalto, drenagem e moradia. E toda essa estrutura é a coisa mínima de uma estrutura urbana, muito mais simples de ser resolvido que as megalomaníacas obras que o PAC quer fazer em todo o Brasil.

08 março, 2009

A volta dos que não foram

Sarney e Collor voltaram a protagonizar no cenário político brasileiro, onde foram eleitos pelos seus Estados como senadores e depois pelos próprios congressistas para um ser o Presidente do Senado e o outro ser o presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado. Olha bem: Collor é o presidente da Comissão de Infraestrutura. Isso significa obras públicas de grande porte, o que também significa empreiteras, o que também significa comissão, que pode muito bem significar corrupção.

Isso só me leva a acreditar no Jarbas Vasconcelos, que afirma o que nós já sabíamos: maioria dos parlamentares só quer o clientelismo e ganhar dinheiro. Muito dinheiro. O Senado não votou nada este ano, com todos os projetos parados. E a volta de Sarney e Collor é um retrocesso político, andamos para trás. Assim como Jader Barbalho, que nunca foi, pois segue eleito como deputado federal.

O cenário político não mudou, mesmo depois da ascensão da esquerda ao poder. No palco vemos os mesmos personagens, interpretados pelos mesmos atores.

Excomunhão

Tenho acompanhado pelos portais o caso da criança violentada pelo padrasto e que ficou grávida de gêmeos, onde a natureza do caso é tão absurda que a mais sensata e mínima atitude seria o aborto. Tão fatídico quanto esse episódio é a intromissão, misturada com radicalismo, da Igreja Católica de excomungar a mãe da menina e os médicos pernambucanos que procederam a operação. Mas a coisa já começou a tomar uma dimensão muito maior, envolvendo inclusive troca de farpas entre o presidente da República e um bispo da Igreja. Até o Vaticano já se pronunciou sobre o caso onde, claro, deu razão a decisão do bispo. Mas como eu disse, a coisa tomou outro rumo. A discussão deixou de ser a animalesca violência do padrasto com a menina e passou a outro nível, sobre quais os poderes que a Igreja tem de mandar ou desmandar na vida de seus fiéis.

Um dos artigos que li foi o post do Gilberto Dimenstein, que aponta o descaso da Igreja com a menina e também com a mãe, uma mulher que além de estar arrasada com a situação da filha estrupada ainda tem sobre as costas o peso da condenação máxima de sua religião: a excomunhão. A Igreja em nenhum momento está preocupada em dar o devido socorro espiritual à criança e seus familiares, mas somente em suas arcaicas "verdades" e seu poder de manipulação social. Um absurdo.

E no final de todo esse jogo de vaidades, egoísmo e falta de compaixão, eu chego a conclusão que a Igreja Católica não fala a língua de Deus. Nem dos homens.

05 fevereiro, 2009

2014

Ontem e hoje, a comitiva da Fifa e a CBF estão em Belém para a vistoria das cidades-candidatas à Copa de 2014, onde a disputa amazônica pela vaga está entre Belém, Manaus e Rio Branco (esse último já nem conta). A briga mesmo está entre as duas maiores cidades da região.

Eu sinto boas chances de Belém ser a escolhida, porque já tem muitos pontos positivos em relação à cidade concorrente. Primeiro a situação do aeroporto, muito melhor estruturado que o Eduardo Gomes de Manaus (pra falar a verdade, é nojendo o aeroporto). Foi ótimo que a conitiva foi primeiro a Manaus, porque aí (imagino) eles embarcam num aeroporto horrível e chegam num outro moderno e reformado como o de Belém, já pronto.

Outro ponto positivo é o vôo de helicópitero que a comitiva vai fazer na cidade. Belém é muito bonita de cima, com prédios modernos e altos. Isso dá uma certa imponência, coisa que Manaus de cima não transmite. Mas Manaus é melhor vista de baixo, mais limpa e com o transito mais regularizado que Belém.

Já o principal ponto de vantagem de Manaus é um que é bem poderoso: dinheiro. A capital do Amazonas gera muito mais PIB que Belém, corre muito mais dinheiro lá. Tanto que o projeto para a sede amazonense da Copa é a construção de um estádio novíssimo, interinho. A estimatina de investimento para Manaus é de R$ 6 bilhões, enquanto para Belém é de "apenas" R$ 2,3 bilhões. Mas se tratando de tempos difíceis de crise financeira, até isso pode ser um ponto a favor a Belém, já que pode fazer o mesmo e gastar menos que a principal concorrente.

Estou otimista! Boa sorte a Belém

28 janeiro, 2009

Mais do Forum

hahaha to avisando.



Uol

Essa é uma placa no acampamento do Forum Social.

E eu falo "por amor, use!" hahahah

Neo-liberalismo, neo-hippie e Odete

Ontem começou o Fórum Social Mundial, em Belém. E junto com o evento são publicadas matérias com alguns dados que eu desconhecia. Por exemplo, o Forum Social começa no mesmo período que o Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, justamente para fazer "protesto" ao donos do dinheiro do mundo. Aí eu fico pensando, se é o dinheiro que move o mundo, não seria mais fácil a conquista do Fórum Social se chamassem os donos do dinheiro para discutir políticas sociais? Até porque uma sociedade pobre também não é nada interessante para o mundo capitalista, porque se pobre não compra, não consome, também não gera lucro.

Outro dado curioso, que pra mim até merece protesto, é o quanto foi investido para a realização do Fórum em Belém, estimados em R$ 140 milhões. Para ter uma idéia, na última edição brasileira do Fórum em Porto Alegre foram investidos apenas R$ 10 milhões, 14 vezes menos. E a estimativa de retorno na economia paraense está em apenas R$ 60 milhões. No final das contas, deram R$ 60 milhões para abrigar neo-hippies.

Por falar nisso, gostaria que alguém me explicasse uma coisa: se o Fórum é para políticas sociais e de desenvolvimento, porque a maioria da galera que vai para discutir é um bando de gente suja, barbuda e metida a neo-hippie? Essa gente não trabalha, só faz protesto ao vento. E sem o trabalho, não há desenvolvimento pessoal e social.

Por fim, um pensamento a la Odete Roitman, pronunciado há 20 anos.

24 janeiro, 2009

Veja

Cada vez me surpreendo com o poder de xerife que a Veja pensa que tem. Hoje recebi a newsletter da revista com o seguinte texto:

É definitiva a investigação jornalística que a repórter de VEJA Laura Diniz fez sobre os antecedentes do italiano Cesare Battisti, merecedor do status de refugiado político no Brasil por decisão de Tarso Genro, ministro da Justiça. VEJA havia dado crédito a Genro na Carta ao Leitor da última edição, sugerindo que ele poderia estar certo em sua decisão. Depois da reportagem de Laura, que analisou os processos contra Battisti na Itália e na França e falou com os magistrados responsáveis, só nos resta uma conclusão: Battisti matou, feriu e roubou. É terrorista.

Como assim "é definitiva"? Ou seja, ninguém pode mais investigar sobre o caso, nem a Justiça, porque a Veja já deu o ultimato. A revista se sente acima da lei e faz o poder de juizo sobre todos nós, numa arrogância assombrosa em achar que "só resta uma conclusão". E, para fechar com chave de ouro, ainda solta o "é terrorista".

23 janeiro, 2009

Obama

Impossível não falar dele. Ou não escutar sobre ele. É o novo show de midia depois da crise, mas que de fato repete a mesma história que escutamos desde que o inicio da humanidade: precisamos do salvador, do novo Messias. A história se repete com intérpretes diferentes, desde Cristo até Matrix.

Confusão

A pichadora da Bienal pintou na área novamente. Agora ela foi acusada de roubar um DVD nas Lojas Americanas. A situação me faz perguntar: já que ela é tão do contra, será que ela pensou que as Americanas era uma empresa gringa? "Fora com as Americanas!".

Na verdade, na verdade, estou é bem curioso para saber que filme ela quis roubar. Sugestoes abertas.